sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Fatos não dados



Estava mergulhado nas atualizações do Facebook quando algo me tocou, me despertou de meu torpor e acomodação. Algo que não esperava, ou melhor, não queria abrir os meus olhos e meu entendimento para essa dura e triste realidade de nosso país, afinal, estamos tão imergidos em nosso "mundinho" do Facebook que prestamos atenção em poucas coisas que estão acontecendo bem perto de onde moramos.

Um grupo de pessoas solidárias e doadoras fizeram uma grande e bela ação em um bairro carente do Rio de Janeiro, levando roupas, brinquedos e muiiiiita alegria para pessoas massacradas por uma realidade dura e cruel. Mas, isso não foi o que chamou minha atenção, o que fez com que eu despertasse de minha ociosidade foi a foto de uma menina muito pequena com as roupas um pouco rasgadas, segurando seu humilde chinelo na mão e com uma aparência suja e desleixada. Aquela foto despertou algo em mim, porém continuei visualizando as fotos e postagens de meus "amigos" no Facebook. Para minha surpresa ( melhor dizendo, fiquei chocado com tamanha coincidência), logo abaixo da foto dessa garota humilde e sem nenhum cuidado, estava a foto de outra pequena menina, todavia essa exibia seu novo e caro brinquedo em uma das mãos, na outra segurava um copo de um fastfood muito conhecido e ainda portava em seu arrumado e brilhoso cabelo uma bela coroa de princesa. Em meu interior houve um grande choque cultural, parecia que estava observando duas crianças de mundos diferentes, quando na realidade as duas moram no mesmo país e bem próximo uma da outra. 

Como deixei passar essa realidade diante de meus olhos? Estava mergulhado demais em meio narcisismo espiritual e material? O que descobri foi que na realidade não só eu, mas toda a grande maioria da população, não sabe e não se sente confortável ao saber de tamanha injustiça. Duas crianças, mas duas realidades tão distantes. 

Fiquei parado por um bom tempo diante daquela irônica imagem. Descobri que amar o próximo é um grande e difícil desafio.  Amar requer sacrifício e renúncia. Quem quer conviver com uma realidade tão pesada e miserável? Afinal, somos influenciados a pensar em um mundo de luxos e corpos sarados como a mídia vende. Deixamos que esse século cauterize a nossa mente com falsos desejos individualistas e ególatras, e esquecemos assim do nosso próximo… de Deus…
O que essa simples imagem de desigualdade passou para minha vida foi algo tremendo, sou mais do que um computador novo, um celular super tecnológico ou uma roupa caríssima. Eu sou um ser humano, criado por Deus, que partilha a mesma humanidade com milhões de pessoas na face da terra e, por esse motivo, eu me sinto incomodado de não fazer nada por outras pessoas. Apesar de todas as diferenças que possam haver entre os seres humanos, todos fazemos parte de uma mesma espécie. Precisamos amar o nosso próximo como a nós mesmos. Precisamos nos aproximar de nosso criador, afinal de contas, quanto mais longe Dele, mais o nosso senso moral é arrancado; e assim nós tornamos frios e acomodados perante os males de nossa geração.

 
Autor: Gabriel Fernandes
Montagem: Gabriel Fernandes

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